quarta-feira, 22 de maio de 2013

O canto mais antigo da minha mente

Eu rabisquei esse texto numa das últimas páginas do meu caderno da faculdade... decidi publicar.


Nos últimos dias uma pergunta veio à minha cabeça: qual é a minha primeira lembrança? O quão perto eu consigo chegar dela?


O que me fez chegar a essa dúvida foi quando estava correndo, que tem sido um dos momentos em que eu chego ao máximo da minha criatividade. Eu pensei em Boots, a personagem do último livro que eu li que tem apenas 2 anos de idade. Nessa época nós experimentamos tudo que é a vida, mas as lembranças dessa idade não pertence ao bebê em si, mas aos seus pais. Quantas vezes meus pais falam de uma tal de uma viagem que "fizemos" a Fortaleza quando eu tinha 3 anos. Hoje eu sou louco para conhecer o norte do país, mas sempre escuto falar dessa viagem cujas memórias não me pertencem.


A viagem ao Ceará nunca vai chegar a minha memória e eu terei que viver com isso.


Posso lembrar de várias coisas de quando eu era muito novo. Mas acredito que a mais cedo se passa no antigo apartamento da minha avó na Abolição. Minha avó se mudou para o Méier em 1999~2000, nem sei bem, como estou dizendo aqui para vocês. Essa memória que eu tento tornar mais clara se passa no período antes de eu ter 5 anos.


Acho que essa memória se passa nas minhas primeiras viagens ao Rio. Lembro de coisas básicas, como ser extremamente baixo (claro, um bebê particamente) e de andar sem camisa para tentar sobreviver a minha primeira experiência dos 40ºC do verão carioca. Nesse apartamento havia uma banheira branca no banheiro que me assustava terrivelmente. Quantas vezes não chorei porque não queria entrar naquela assustadora banheira gigante.


Havia vários fatores para eu temer aquelas banheira. O fato dela ser escorregadia, da água vir um lugar que eu não compreendia com meu conhecimento aproximado de muitas coisas, eu me assustava com as cores escuras do apartamento.


A lembrança exata, a mais antiga na minha memória, é a de eu ter ficado chateado com meu primo ou algum parente... O motivo de eu ter ficado chateado foi por causa de um sacolé. Eu queria um mais não podia porque fui dito que era muito pequena para tomar um. Aquele pequeno garoto, meu eu menor, se sentiu ofendido. Se já algo que crianças não gostam é de se sentirem limitadas em relação a "gente grande". E um pequeno homem tem sua honra a ser guardada.


Benditos sacolés!


Naquele momento minha honra fora salva pelo meu pai ou tio - ou sei lá que entidade era aquela. Acho que quando se é menor, e está com raiva, o mundo gira ao seu redor e você nem percebe quem está com você. Cortaram um sacolé ao meio e me deram uma parte. Foi a coisa mais gostosa que havia comido até então. E até hoje não lembro de nenhum nada que tenha aquele gosto.


Ainda acho que parece assustador me lembrar de coisas assim tão cedo. Masi cada um tem a sua memória. Meu irmão diz se lembrar da copa de 98 e para mim, minha primeira copa foi a de 2002.

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