quarta-feira, 12 de junho de 2013

"Admirável Mundo Novo" por Aldous Huxley - A resenha

Admirável Mundo Novo

Aldous Huxley
Editora Globo
398 páginas
(2010)
(Edição Original Editora Chatto & Windus 1932)

Um pouco sobre o livro
O ano é 634 d.F. (depois de Ford) e nos encontramos em um mundo onde as pessoas nascem de proveta, onde uma cultura se alterou em prol da praticidade e da ciência. Num mundo “utópico” com castas que ajudam na economia, a poligamia é o certo, “Admirável Mundo Novo” nos apresenta uma realidade totalmente pura de algo que poderia ter acontecido.

Os conceitos de "pai" e "mãe" são meramente históricos. Relacionamentos emocionais intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade é moralmente obrigatória e a higiene, um valor supremo. Não existe paixão nem religião. Mas Bernard Marx tem uma infelicidade doentia: acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais graça nos prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Uma visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga, imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo. Extraordinariamente profético, "Admirável Mundo Novo" é um dos livros mais influentes do século 20.

Resenha
Aldous Huxley é um autor inglês da famosa família Huxley, família tradicional britânica onde vários de seus membros se sucederam em várias áreas como a ciência, literatura, arte, medicina... Aldous era um dos mais proeminentes da sua família e também o mais proeminente intelectual da sua época.
Antes de continuar a leitura tenham em mente que o livro foi escrito em 1931. Logo depois da Grande Depressão de 1929 causado pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, do boom econômico no mundo capitalista que ocorreu após a Segunda Guerra Mundial. O mundo estava ostentando o futuro, as fábricas estavam a tona, e o Fordismo era sinônimo do futuro. Uma época bastante criativa que nós reconhecemos através daqueles anúncios, para nós engraçados, com aquelas bugigangas e previsões sobre o futuro. Apesar de ter ido ao ar em volta de 30 anos depois, Os Jetsons é uma ótima representação das ambições da época.
"Admirável Mundo Novo", nas suas primeiras páginas, se apresenta como uma visão "utópica" - sim, com as aspas e tudo. Conhecemos um mundo como ele seria se ele houvesse sido antisepticamente criado em prol da indústria e ciência, se toda cultura houvesse partido do futurismo e se Deus morresse para que todos não tivessem preocupações morais, vivendo mais para si mesmos. Onde a sociedade consume uma droga, o soma, para que evitassem pensamentos ruins e escapassem da realidade, evitando construção criativa ou qualquer outro tipo de contestamento.
Todos os bebês são de proveta e isso leva ao absurdo da produção em massa, os Grupos Bokanovskys, que são vários fetos criados a partir de um único óvulo fecundado. A sociedade é divida em castas e para isso todos os bebês devem ser condicionados desde sua criação, exatamente, durante o desenvolvimento eles são injetados com material que irão garantir que sejam altos ou baixos, fortes ou fracos, resistentes a maioria das doenças que hoje nos abominam. Quando nascem eles passam por várias outras atividades para que desenvolvam o individualismo e o hedonismo. Aprendem a ver que a morte é comum, que todo mundo pertence a todo mundo e pasmem... eles brincam com brinquedos eróticos ainda na sua infância e riem de como na sociedade antes Ford isso era extremamente abominável.
Como havia comentado na pré-resenha o começo do livro é praticamente uma introdução do leitor à cultura, tudo tem que ser apresentado logo para que ao longo do livro você também ache um absurdo que uma mulher dê a luz e seja chamada de mãe - Meu Ford, que horror! Depois que a cultura é injetada, nós finalmente conhecemos os personagens principais, Lenina Crowne, Bernard Marx e arriscarei chamar John, Sr. Selvagem, por mais tarde que ele apareça no livro.
Ao falar sobre o sistema de castas eu achei que Aldous se mostra ainda um típico homem etnicamente britânico de seu tempo. Por momentos, você acaba percebendo  pensamentos racistas como o fato dos Ípsilons (a casta mais baixa) ser formado em sua maioria por negros ou mestiços de estatura baixa enquanto os Alfas e Betas (as maiores casta) são formados por membros em sua maioria brancos e de estatura alta. Essa ideia é o que torna Bernard Marx totalmente estranho.
Castas
Bernard é um homem de baixa estatura, o que já o torna estranho uma vez que é um Alfa que tem que olhar paras castas inferiores horizontalmente, ou pior, de baixo para cima. Lenina o quer possuir, uma noite com ele, momentos juntos, ela se sente desafiada pela sua singularidade e suas esquisitices. Bernard se sente só, e a solidão é um sentimento totalmente proibido. Após finalmente ceder a Lenina, juntos eles viajam para a Reserva.
Outro ponto interessante sobre a reserva é porque Aldous claramente aplica a Teoria dos Trópicos. As Reservas são locais criados por não serem propícios ao desenvolvimento, então eles isolaram essas áreas para que não houvessem interação entre os membros de lá dentro com os de fora. Dentro da Reserva a vida é primitiva, com partos, casamentos e famílias, mas ao mesmo tempo ela se apresenta terrivelmente rude até para nós, do século 21, já que eles são politeístas e tribais. Para justificar as áreas que se tornarão Reserva, o "governo" escolhe regiões por questões climáticas e geográficas que provavelmente não se adaptariam.
No livro o autor posiciona nossa cultura através dos selvagens que moram nas Reservas. John, um filho de uma Beta que ficou presa dentro da reserva teve a oportunidade de sair e viver o admirável mundo novo. Por isso acredito que ele seja o principal em certa forma. As pessoas se assustam ao verem que ele ora, que ele tem uma relação emocional com uma mulher e a chama de mãe, que ele se apaixona e que cita Shakespeare e outras obras clássicas para justificar sentimentos que não existem, como a paixão.
É uma leitura que o levará a um pensamento totalmente novo, onde a história demora para se desenvolver para que ela possa desenvolver rapidamente. Aldous Huxley realmente é um tremendo escritor, um escritor que conseguiu fazer com que seu livro atravessasse décadas mantendo ainda o aspecto futurista.
Isso ainda vai render outra postagem onde abordarei outros aspectos do livro, mas que não quero adicionar à resenha, atualizarei com o link depois.

Um comentário:

  1. Uhmmm, adorei! Lembrou um pouco AstroTown, livro "novo" que li recentemente e não sabia, mas tem uma forte influência de Admirável Mundo Novo, só muda por ser numa nave espacial, e alguns detalhes mas o geral é bem parecido.


    Abs :D

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