segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

"As Vantagens de Ser Invisível" por Stephen Chbosky - A resenha

As Vantagens de Ser Invisível

Stephen Chbosky
Editora Rocco
224 páginas
ISBN: 9788532522337

Um pouco sobre o livro
Charlie é um garoto de 15 anos que está entrando para o ensino médio. Seu melhor amigo se matou e ele está só pelo colégio. Charlie está a margem da vida, ele observa as pessoas e “torce” por elas, desejando sua felicidade ou que as coisas aconteçam. Mas chega uma hora que você não pode mais estar na margem, que você precisa se jogar para o centro da sua vida.

Talvez a resenha abaixo não seja aquela resenha que tente fazer com que você compre/leia um livro, resolvi abri uma exceção aqui para falar sobre coisas maiores e fazer com que você entenda porque gosto deste livro e porque talvez você venha a gostar. Fiz como sempre faço, organizei os tópicos, fiz meus pontos e aqui estã0, mas uns dependem da leitura de outro, então, por favor, leia tudo e ligue os pontos.

A resenha
Eu queria ter dito que eu li o livro antes do filme, pena que isso seria uma grande mentira. Eu assisti à adaptação diversas vezes e eu o adorei todas as vezes e decidi que iria ler o livro. Como havia dito, eu gosto muito do personagem Charlie, eu vejo as suas dificuldades e manias refletidas em mim e acredito que é fácil para qualquer um se identificar com ele de várias formas. E não, não fui supostamente abusado por alguém quando menor ou sofri qualquer trauma que venha a psicologicamente me danificar seriamente.
O livro não é igual ao seu romance regular. Ele é formado por um conjunto de cartas escritas pelo protagonista destinadas a um amigo, e isso isso faz parecer que ele escreve para o seu melhor amigo morto, mas logo se entende (talvez) que esse amigo é o leitor, pois você não o julgaria como pessoas que o conhecem o fariam. Ele confia tanto nesse amigo a quem escreve que o diz intimidades como suas descobertas sexuais e elementos mais intrínsecos de seus relacionamentos.
"Só preciso saber que existe alguém que ouve e entende, e não tenta dormir com as pessoas, mesmo que tenha oportunidade. Preciso saber que essas pessoas existem". (p. 12)

Eu não acreditei que as cartas consigam representar uma história vivida, fazer com que mesmo que elas tenham grandes intervalos entre si se consiga fazer com que o leitor junte todos os elementos. Todas elas são escritas um ou dois dias depois dos eventos, dessa forma, os sentimentos e as confusões do personagem são bastante influenciadas pelos acontecimentos anteriores e imprevisíveis e imediatistas em relação ao futuro. Não há o conhecimento futuro, apenas o passado próximo e isso trás toda aquela carga confusa da cabeça de Charlie. Quando ele escreve ao amigo sobre o que o aconteceu na tarde anterior, ele ainda cultiva dúvidas sobre o que deve vir amanhã e se arrepende ou se vangloria do dia que se passou.
Os sentimento de Charlie estão à flor da pele. O garoto de 15 anos, e logo 16, parece ter um transtorno sentimental terrível que faz com que ele se julgue pesadamente e chore por motivos que nós acreditaríamos ser extremamente tolo. Em alguns dos momentos do livro isso se torna irritante, nem tudo na vida se resulta num choro e nem tudo na vida se resulta em sentimentos tristes, mas mais uma vez... ele não sabe ao certo o que sente em relação a si. Do nada vinha lá "e eu chorei" eu estava ficando louco! P*rra! De novo! Segure-se!
"Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim." (p. 12)

E é mais ou menos aí que eu começo a me conectar com o personagem. 2012 foi marcado por acontecimentos fortes para mim, foi uma grande linha divisória e eu passei pelo meu próprio luto. Eu sentia um medo muito grande de deixar as coisas para trás, deixar que as coisas simplesmente virem lembranças e acreditar que de agora em diante eu tenho que ser algo diferente para poder ser feliz. Ali eu criei uma grande linha divisória e me referiria a tudo que aconteceu em 2012 para trás como "àquela época". Tive a honra de ser o orador da minha turma e no discurso de formatura eu escrevi isso, que eu sentia uma necessidade de ser infinito, eu não queria ter que seguir em frente naquele momento e eu sentia que as pessoas ao meus redor também não e eu me preocupei se eles estavam realmente felizes com o que faziam e se o mundo era assim, uma grande reunião de felicidade sendo coagida.
Invisível. Isso é o que Charlie era. Invisível pois escutava a todos e nunca dizia nada a ninguém a não ser sobre ele mesmo. Assistia a vida de todos e criava preocupações alheias. Ele realmente era invisível, ficava no canto com sua própria dor mas se preocupava em cuidar dos outros. Sua nulidade é a grande questão.
O curioso sobre o filme é que ele teve seu roteiro escrito e foi dirigido por Stephen Chbosky, o autor do livro, por isso que o filme é tão "literário" quanto o seu livro. O mesmo Charlie que gostei bastante nos filmes se encontra nas cartas neste maravilhoso livro de Chbosky. Gostei muito de ver a boa qualidade que uma adaptação de um livro fica quando seu próprio autor tem grande controle sobre ele. E ao final do filme é dito "Nós somos infinitos" ao final de uma fala que resumia tudo que sentia e as grandes confusões que eu tinha e isso me remeteu ao texto que havia escrito para a formatura. Há tantos outros elementos que eu me identifico com o personagem, mas não gosto de escrever sobre mim tanto assim, então voltemos ao livro.

Meu trecho favorito
"Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas." (p. 221)
Há muito neste pequeno livro que ocupa agora o lugar de meu livro favorito. Um livro fantástico com grandes personagens e uma grande narrativa. Talvez não seja nada para uns, ridículo para outros, mas talvez seja muito para alguns.
E se você for um desses alguns, eu gostaria muito que lesse e que entendesse do jeito como entendo.

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